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Como o Brasil se tornou um dos líderes em papel e celulose

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Como o Brasil se tornou um dos líderes em papel e celulose

data: 25/04/2024 | tempo de leitura: 21 min
carga de celulose sendo descarregada

A indústria de celulose e papel tem uma importância gigantesca para a economia brasileira… e para o seu dia a dia também!

Os livros da sua estante, as caixas de papelão que você recebe quando faz compras online, o papel-toalha, o papel higiênico e até as fraldas descartáveis: todos esses produtos considerados indispensáveis por muita gente vêm da preciosa celulose. Não dá para negar que é uma matéria-prima muito presente na vida cotidiana da maioria das pessoas.

Aqui, na riqueza do solo brasileiro, a indústria de celulose e papel encontrou as condições perfeitas para se desenvolver de uma maneira promissora. Responsável por movimentar vários setores econômicos, gerar milhares de empregos e estimular a inovação, ela rendeu ao Brasil o título de maior produtor de celulose do mundo.

Quer entender melhor como o nosso país chegou no topo desse ranking? Então pode continuar  a leitura. Neste conteúdo, você vai descobrir tudo sobre a indústria de celulose e papel no Brasil, explorar a história dessa importante matéria-prima e muito mais.

Mas o que é a celulose? 

Antes de mais nada, é importante que você saiba exatamente o que é o precioso material que serve como base para toda a produção papeleira.

Presente em grandes quantidades na natureza, a celulose é um componente das paredes celulares das células vegetais. Em outras palavras, ela faz parte da estrutura interior de folhas, galhos, frutos e, principalmente, dos troncos das árvores.

Nas plantas, a função da celulose é trazer resistência, proteção e rigidez – não é à toa que ela costuma ser responsável por 50% da composição da madeira –. As moléculas de glicose que formam essa substância se organizam como pequenos feixes, e essa estrutura resulta nas famosas fibras de celulose.

A extração das fibras é o que origina a matéria-prima versátil que movimenta a indústria de celulose e papel. Nas fábricas, esse material de origem vegetal revela seu potencial “coringa”: ele aparece na produção de diversas soluções à base de papel e papelão, além de tecidos, itens de higiene pessoal, materiais de construção, medicamentos, cosméticos e muito mais.


Saiba quando e como a celulose foi descoberta  

fardos de celulose em uma fábrica da klabin no paraná

fardos de celulose em uma fábrica da klabin no paraná

A exploração comercial e científica da celulose começou há bem mais tempo do que a maioria das pessoas imagina.

Foi na China Antiga, mais ou menos em 105 d.C (depois de Cristo) que um funcionário da dinastia Han fez uma incrível descoberta: durante seus experimentos, Cai Lun teve a brilhante ideia de juntar cascas de amoreira, lascas de bambu e pedaços de tecido. 

Depois de triturar tudo junto e umedecer a mistura, o inventor obteve uma pasta, que foi então peneirada e estendida sobre telas de tecido. Quando ela secou, nasceu a primeira folha de papel do mundo.

A partir desse insight revolucionário, Cai Lun deu a largada na produção artesanal do papel, que se estendeu por vários séculos e se espalhou pelo mundo. Muito antes do surgimento da indústria de celulose e papel, as fibras vegetais já tinham um grande valor em diversas sociedades.

Mas a “descoberta oficial” da celulose ocorreu mesmo em 1838 – antes disso, a matéria-prima já era essencial para muita gente, mas ainda não tinha um nome específico –. Foi no final do século 19 que o francês Anselme Payen conseguiu desvendar a estrutura molecular da celulose e estabelecer sua fórmula química (C6H10O5).

Daí em diante, as tecnologias de extração e aplicação do material passaram a se desenvolver rapidamente, inaugurando uma nova era da produção industrial.


Aplicações: de que forma a celulose começou a ser industrializada? 

Após a descoberta de Anselme Payen, a manipulação da celulose se tornou um terreno fértil para a inovação tecnológica no mundo inteiro.

Em 1870, a matéria-prima começou a ser utilizada na fabricação de termoplásticos, o que viabilizou a produção do rayon (ou raiom) a partir de 1885. Considerado um dos mais antigos tecidos artificiais, o rayon transformou a indústria têxtil graças à sua maleabilidade e maciez, além da excelente compatibilidade com processos de tingimento.

Os termoplásticos à base de celulose também deram origem ao popular celofane, que passou a ser produzido em 1912. Até hoje, o material é conhecido pelo aspecto transparente, flexível e resistente – quem nunca recebeu um presente ou lembrancinha embalada em celofane? –.

Já no final do século 20, em 1992, os pesquisadores Kobayashi e Shoda descobriram como sintetizar a celulose artificialmente (sem usar enzimas biológicas). 

Nos anos 2000, a matéria-prima já tinha conquistado um espaço grandioso na indústria, a tal ponto que a produção industrial de celulose passou a superar a fabricação do papel em muitos países (como é o caso do Brasil).


Entenda a história da indústria brasileira de celulose e papel 

celulose sendo manufaturada em uma máquina antiga da klabin

celulose sendo manufaturada em uma máquina antiga da klabin

É claro que o Brasil não se tornou um dos maiores produtores de celulose do mundo “do dia para a noite”.

Por aqui, o setor começou a ganhar força em 1950, quando o Plano de Metas do Governo Federal elegeu cinco áreas prioritárias para o direcionamento dos recursos destinados ao desenvolvimento econômico nacional. A indústria de celulose e papel estava entre os segmentos contemplados pelo plano.

Impulsionado pelos incentivos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de vários outros projetos de investimento, o setor florestal voltado para a produção de celulose decolou durante a segunda metade do século 20. Entre 1965 e 1985, as áreas de plantio florestal saltaram de 500 mil para 4,5 milhões de hectares no território nacional, com foco no cultivo do eucalipto e do pinus.

Nas décadas seguintes, a indústria de celulose e papel passou por uma expansão notável no Brasil: no período entre 2004 e 2014, a produção de papel cresceu em média 2,7% ao ano. Atualmente, o setor está fortemente consolidado e é reconhecido internacionalmente como referência de modelo bioeconômico – já que 100% do papel produzido no Brasil vem de árvores plantadas especificamente para essa finalidade –.


E por que o Brasil se tornou um dos maiores produtores de celulose do mundo? 

Você já sabe que o Brasil é destaque global na produção de papel e celulose… mas, na prática, o que isso significa?

Os números não mentem: em 2022, o segmento nacional atingiu recordes históricos que posicionaram o país no topo do ranking mundial. Esse foi o ano em que a receita gerada pela indústria de celulose e papel chegou a R$ 250 bilhões.

Segundo os dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), foram 25 milhões de toneladas de fibra de madeira produzidas em solo brasileiro durante 2022, com um aumento de 22% na taxa de exportação da celulose e de seus derivados. Atualmente, o setor é responsável por quase 10 milhões de hectares de florestas cultivadas.

Impressionante, né? Tudo isso fez com que o Brasil ultrapassasse o Canadá no ranking dos maiores exportadores de celulose organizado pela Food and Agriculture Organization (FAO). Para se ter uma ideia, o volume exportado anualmente pelas indústrias brasileiras já passa de 19 milhões de toneladas – e tende a continuar aumentando –.


Conheça as vantagens do setor de celulose no Brasil: 

Não é de hoje que abundância da natureza brasileira é conhecida no mundo inteiro.

Além de abrigar uma infinidade de paisagens fantásticas e a maior biodiversidade do planeta, o território de proporções continentais do nosso país está repleto de oportunidades quando os assuntos são inovação e sustentabilidade. Em um cenário tão promissor, é fácil entender por que a indústria de celulose e papel prospera com facilidade.

A seguir, você descobre um pouco mais sobre os elementos que contribuem para a posição de liderança do Brasil na lista dos maiores produtores e exportadores de celulose:


Recursos naturais e clima propício 

O eucalipto e o pinus, as duas espécies florestais mais utilizadas na produção de papel e celulose, são altamente compatíveis com os solos férteis brasileiros.

Cultivadas especialmente nas regiões Sul e Sudeste, as árvores se adaptaram aos biomas locais com perfeição. Embora venham de longe – o eucalipto, por exemplo, é nativo da Austrália –, ambas as espécies demonstraram um potencial produtivo excelente no território brasileiro.

Isso quer dizer que as condições climáticas e a riqueza de recursos naturais fazem com que as árvores cresçam muito mais rapidamente aqui do que em outras localidades do mundo (como na Europa).


Mais sustentabilidade  

No Brasil, a indústria de celulose e papel também é referência em sustentabilidade ambiental.

Os 10 milhões de hectares de florestas produtivas mantidas pelo setor recebem cuidados baseados nas melhores práticas de manejo florestal sustentável. A expansão estratégica dos cultivos promove a arborização de pastos convencionais e áreas degradadas, contribuindo para a recuperação de regiões afetadas pelo desmatamento.

O manejo florestal sustentável também é pensado para preservar os recursos naturais e preservar a biodiversidade dos ecossistemas brasileiros. Além de priorizar a responsabilidade ambiental no cultivo das florestas produtivas, a indústria de celulose e papel conserva 6,7 milhões de hectares de vegetação nativa – é o equivalente à área do estado do Rio de Janeiro –.


Matriz energética limpa 

Não é só por causa do manejo florestal que a indústria brasileira de celulose e papel recebe o título de sustentável.

O setor também se destaca por sua matriz energética, que é predominantemente originada de fontes limpas e renováveis. Isso significa que a eletricidade responsável por alimentar a maioria das unidades produtivas é gerada por meio de processos que não liberam gases de efeito estufa (GEE).

Um bom exemplo é a Klabin, empresa brasileira que conseguiu reduzir suas emissões de carbono em 64% entre 2003 e 2020. Com mais de 20 unidades industriais, a companhia tem 92,6% de sua matriz energética composta por combustíveis renováveis.


Recursos hídricos em abundância 

Todo mundo já ouviu falar na abundância das águas brasileiras.

O território do país concentra 12% das reservas de água doce disponíveis no planeta, o que equivale a mais da metade dos recursos hídricos da América do Sul. Como você deve imaginar, a água é um dos “ingredientes” mais essenciais para a produção da celulose e de seus derivados.

Mesmo com tanta disponibilidade, a indústria de celulose e papel investe continuamente na gestão hídrica sustentável para preservar a qualidade dos recursos hídricos brasileiros: de acordo com os dados da Ibá, o setor já reduziu em 75% o volume de água utilizado nos ciclos de produção desde a década de 1980.


Tecnologia e inovação 

O crescimento da indústria de celulose e papel tem sido um prato cheio para a inovação tecnológica.

Nas últimas décadas, o segmento vem incentivando e financiando o desenvolvimento de projetos baseados em biotecnologia nas mais diversas áreas. Softwares modernos de controle florestal, inteligências artificiais que monitoram as etapas das operações e novas aplicações para os subprodutos da fabricação do papel são apenas alguns bons exemplos.

Até mesmo a nanotecnologia e as ciências genéticas participam da coleção de avanços científicos fomentados pela indústria brasileira de celulose: atualmente, o cultivo de espécies geneticamente modificadas de eucalipto e pinus contribui para uma produção cada vez mais eficiente e sustentável.

Afinal, qual é a importância e tamanho do setor de celulose na economia brasileira? 

fábrica de papel e celulose da klabin no paraná no pôr-do-sol

fábrica de papel e celulose da klabin no paraná no pôr-do-sol

Sabia que a indústria de papel e celulose é responsável por 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil?

Pois é, tudo isso. Em 2023, o setor gerou uma receita bruta de R$ 260 bilhões, tornando-se o sexto segmento da indústria nacional que mais exporta produtos e matérias-primas. O resultado foi um saldo comercial de US$ 9,2 bilhões.

Além de movimentar expressivamente a economia nacional por meio das exportações, a indústria de celulose também tem uma participação importantíssima na geração de empregos e na capacitação profissional dos trabalhadores brasileiros. Atualmente, são cerca de 2,6 bilhões de vagas de trabalho geradas direta e indiretamente pelo segmento.

Nos próximos anos, o esperado é que esses números continuem aumentando: o Brasil deve receber mais de R$ 100 bilhões em investimentos por parte da indústria de celulose e papel até 2028. A projeção é de que os novos investimentos gerem 36 mil novos empregos durante as obras de expansão da infraestrutura produtiva, e mais 7,3 mil postos de trabalho (diretos e indiretos) após as fases de construção.


Confira as tendências da produção de papel e celulose 

A exploração do imenso potencial da celulose microfibrilada é uma das maiores tendências ligadas ao avanço da indústria papeleira nacional. 

De maneira simplificada, esse material revolucionário surge quando as fibras de celulose são “quebradas” em filamentos ainda menores – fragmentos microscópicos conhecidos como microfibrilas –. 

Também chamada de MFC (do inglês Microfibrillated Cellulose), a celulose microfibrilada tem vários atributos especiais, como a alta capacidade de interação química e física, a baixa densidade e a estrutura insolúvel. Graças a essas características únicas, ela pode ser utilizada para conferir mais resistência ao papelão, fortalecer materiais de construção civil, compor tecidos ecológicos e até otimizar a ação dos cosméticos.

Por causa da demanda crescente por soluções sustentáveis, a tendência é que a celulose e seus derivados estejam cada vez mais presentes nas indústrias têxtil e farmacêutica. Ela também deve conquistar um espaço relevante na produção de biomateriais, que são pensados para substituir matérias-primas não renováveis – como o plástico, por exemplo –. 


Klabin e a celulose: transformando a produção de papel 

Assim como o Brasil é líder mundial na exportação de papel e celulose, a Klabin ocupa a posição de liderança nacional quando o assunto é a criação de soluções sustentáveis à base de papel.

Maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do país, a companhia teve uma participação grandiosa na expansão da indústria papeleira nacional. Ela foi responsável pela construção da primeira fábrica integrada de papel e celulose do Brasil, ainda em 1934. Antes disso, nenhuma unidade industrial brasileira cobria todas as etapas de produção do papel, desde a matéria-prima até o produto final.

De lá para cá, vieram muitos outros marcos de pioneirismo que transformaram a empresa em uma verdadeira referência em inovação, eficiência e sustentabilidade. A Klabin foi a primeira companhia brasileira a produzir o papel Kraft de fibra longa. Hoje em dia, ela continua sendo a única empresa do país que produz e oferece três tipos de celulose: fibra curta, fibra longa e fluff.

Com 23 fábricas no território brasileiro e mais de 18 mil colaboradores, a Klabin tem uma capacidade anual de produção equivalente a 3 milhões de toneladas de papel e 1,6 milhões de toneladas de celulose. Toda essa operação é alinhada a um plano de sustentabilidade ambicioso, a Agenda Klabin 2030.

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