Quais são os impactos ambientais causados por cada produto que você compra? Essa é a reflexão proposta pelo ecodesign.
Aparelhos eletrônicos, móveis, livros, alimentos industrializados, materiais de limpeza, itens de higiene pessoal, brinquedos e tudo o mais: esses e muitos outros produtos indispensáveis para a vida moderna passam por um longo caminho até chegarem nas prateleiras das lojas – e, depois, na sua casa –. Desde a idealização até a distribuição, as várias etapas envolvidas na produção de itens diversos têm um preço para a natureza. E é por isso que é tão importante falar sobre ecodesign.
Com a chegada da Revolução Industrial, o mundo foi transformado pelas possibilidades da produção em larga escala. Embora tenha trazido muitas facilidades para o dia a dia das pessoas, essa forma de criar e comercializar produtos também é responsável por provocar alterações perigosas no meio ambiente.
O ecodesign, que você conhecerá a seguir, surgiu justamente para minimizar esses impactos e impulsionar a aliança entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Para saber mais, basta continuar a leitura: aqui, você vai entender exatamente o que é ecodesign, como surgiu e quais são os princípios por trás dessa abordagem inovadora.
O que é Ecodesign e quando surgiu?
De maneira simplificada, o ecodesign é uma abordagem que propõe a criação de produtos e serviços ecologicamente conscientes. Também conhecida como design ecológico ou DfE (Design for Environment, em inglês), essa metodologia tem o objetivo principal de reduzir os impactos ambientais negativos gerados ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos.
Em outras palavras, a ideia por trás do ecodesign é a concepção de técnicas e estratégias capazes de fazer com que os processos de produção e utilização dos itens industrializados se tornem ambientalmente sustentáveis. Isso inclui todas as etapas da cadeia produtiva, desde extração de matérias-primas e fabricação até distribuição.
Além disso, o ecodesign também prioriza o desenvolvimento de produtos que possam ser descartados sem prejudicar o meio ambiente – por meio de designs que facilitem a biodegradação, a reciclagem ou a reutilização –.
O primeiro a abordar as relações entre design de produtos e impactos ambientais foi o designer e professor austríaco Victor J. Papanek. Em 1971, ele lançou o livro Design for the real world: Human Ecology and Social Change, considerado um marco grandioso do desenvolvimento sustentável. A partir dos anos 1990, o conceito de ecodesign começou a se popularizar entre as indústrias estadunidenses que buscavam formas de diminuir os efeitos negativos de seus produtos sobre o meio ambiente.
Por que ele se tornou tão importante?
O ecodesign é uma das tendências mais promissoras da economia do futuro. Mas, afinal de contas, por que ele é tão crucial para a construção de um futuro melhor para o planeta?
Pense assim: tudo que os seres humanos consomem vem da natureza. Dos ingredientes guardados na sua despensa até as roupas que você tem no armário, todos os itens comercializados em larga escala são produzidos a partir dos recursos naturais.
O ciclo de vida de uma escova de dentes feita de plástico, por exemplo, começa na extração das matérias-primas (nesse caso, o petróleo). Durante a fabricação desse objeto tão importante para a vida cotidiana, são mobilizadas grandes quantidades de água, energia elétrica e outros recursos. Por fim, os processos industriais e a logística necessária para levar as escovas de dentes até supermercados e farmácias emitem gases de efeito estufa que poluem a atmosfera do planeta.
Esse exemplo simplificado pode te ajudar a entender como até mesmo um item pequeno exerce vários efeitos preocupantes sobre a natureza. Se as antigas formas de criar produtos, executar serviços e projetar ambientes não forem repensadas logo, a vida humana estará sujeita a consequências como o esgotamento dos recursos naturais e a degradação dos ecossistemas nativos. Em resumo, o ecodesign é essencial para a construção de uma sociedade sustentável a longo prazo.
Saiba a diferença entre Ecodesign e Design Sustentável
Os materiais que falam sobre o ecodesign frequentemente trazem também um outro termo muito popular no universo do design de produto: design sustentável.
Embora estejam relacionados, os dois conceitos não se referem exatamente à mesma coisa. Como o nome sugere, o design ecológico – ou ecodesign – se desenvolveu com base em preocupações ligadas à preservação do meio ambiente.
Por sua vez, o design sustentável é um campo mais amplo, focado em elaborar soluções capazes de atender plenamente aos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômica. Além de se voltar para as questões ecológicas, ele também busca formas de impulsionar a economia, diminuir as desigualdades e cuidar das pessoas e comunidades envolvidas nas etapas de produção.
Para facilitar o entendimento, é possível dizer que o ecodesign é uma parte ou uma subárea do design sustentável.
Qual a relação entre Ecodesign e Economia Circular?
Você já comprou roupas em um brechó ou em uma loja de segunda mão?
Esse tipo de estabelecimento é um exemplo clássico de como funciona a ideia por trás da economia circular. Ela foi criada como alternativa à economia linear, sistema em que os produtos viram lixo quando chegam ao fim de sua vida útil e são substituídos por itens novos. Como você deve ter percebido, há vários problemas nesse modelo de produção e consumo: na economia linear, as matérias-primas são extraídas em quantidades gigantescas e a geração desnecessária de resíduos contribui para a poluição.
Na economia circular, por outro lado, a vida útil dos produtos passa por vários ciclos. É uma abordagem que se baseia principalmente no consumo consciente, na reutilização dos produtos e na reciclagem dos materiais descartados. Em outras palavras, a economia circular propõe um modelo em que os itens usados são reaproveitados ou reinseridos na cadeia produtiva, continuando a gerar valor mesmo depois do primeiro ciclo de vida útil. Percebe que é isso que acontece quando você revende aquela peça de roupa que está parada há anos no seu armário?
Até aqui, talvez você esteja se perguntando como tudo isso se conecta com o ecodesign. É simples: por meio das técnicas e processos do design ecológico, é possível criar produtos mais duráveis e mais aptos ao reaproveitamento. De certa forma, o ecodesign e a economia circular andam de mãos dadas quando o assunto é desenvolvimento sustentável.
- Confira também: O que é economia circular e como ela impacta a indústria
Descubra os princípios do Ecodesign
Você já entendeu que o ecodesign busca reduzir os impactos ambientais causados pelas cadeias de produção, venda e consumo.
Mas talvez essa definição ainda pareça um pouco abstrata. No fim das contas, como o ecodesign funciona na prática? É isso que você descobrirá a seguir. Abaixo, você confere as explicações sobre cada um dos princípios do ecodesign – ou seja, as principais questões que são levadas em consideração pelas marcas e profissionais que adotam essa abordagem –.
Materiais de baixo impacto ambiental
Um dos pilares mais importantes do ecodesign é a utilização de materiais que não provoquem alterações duradouras no meio ambiente durante a extração, a produção, a utilização e o descarte dos produtos.
Isso significa que os projetos de ecodesign costumam incluir a escolha de matérias-primas renováveis – isto é, que podem ser obtidas sem o risco de provocar o esgotamento dos recursos naturais –. Um bom exemplo é a celulose, principal componente na fabricação do papel, que é extraída das árvores. Além disso, a abordagem desenvolve métodos para otimizar o potencial de aproveitamento das matérias-primas, reduzindo a necessidade de extração. Por fim, o ecodesign também se preocupa em criar soluções biodegradáveis, que somem da natureza pouco tempo depois do descarte final.
Eficiência energética
Sabia que a geração e a utilização da energia elétrica causam impactos ambientais?
Pois é, dependendo de como a eletricidade é gerada, ela pode contribuir para o esgotamento de recursos naturais e para o acúmulo de gases de efeito estufa (ou GEE) na atmosfera. É o que acontece no caso da energia termoelétrica, obtida a partir de fontes minerais não renováveis, como o carvão e o gás natural. Por isso, uma das prioridades do ecodesign é a eficiência energética – ou seja, a criação de processos que utilizem o mínimo possível de energia elétrica –. O uso inteligente dos recursos energéticos também inclui a escolha de um abastecimento elétrico vindo de fontes renováveis e limpas.
- Saiba mais: Energia limpa ou renovável? Entenda a diferença
Qualidade e durabilidade
Você já teve a sensação de que um determinado produto poderia ter durado por muito mais tempo se não fosse tão frágil ou propenso a defeitos?
Essa é uma impressão comum nas experiências de consumo contemporâneas. Talvez você já tenha até ouvido que as coisas duravam mais antigamente. A popularidade dessa opinião não é fruto de nenhuma coincidência. De fato, muitos dos produtos atuais são feitos a partir da lógica da obsolescência programada. Isso significa que a maioria dos itens comercializados atualmente são pensados para se tornarem inutilizáveis depois de um certo período de tempo – o que faz com que você tenha que comprar novos produtos para substituí-los –.
Nem é preciso dizer que esse modelo de produção contribui bastante para a extração exagerada de matérias-primas e os altos índices de poluição que o meio ambiente enfrenta hoje. Para combater esses efeitos, o ecodesign propõe a criação de produtos de alta qualidade, que possam ser usados pelo máximo de tempo possível.
Modularidade
Não é incomum se deparar com cenários como este: você percebe que um dos seus aparelhos eletrônicos está com defeito e decide levá-lo para a assistência técnica.
Mais tarde, os profissionais responsáveis pelos reparos te informam de que o conserto só pode ser realizado se você adquirir uma peça de reposição específica… que custa quase o mesmo valor de um aparelho novo. Para combater esse tipo de situação inconveniente – e, principalmente, evitar o descarte precoce dos produtos e a geração desnecessária de resíduos –, o ecodesign se concentra na criação de soluções modulares. Isso significa que os produtos e projetos são idealizados para funcionarem com peças e componentes facilmente substituíveis, que possam ser trocados sem grandes complicações em caso de defeito.
Reutilização/Reaproveitamento
Por fim, o ecodesign também tem a reutilização e o reaproveitamento como princípios centrais.
Seguindo a ideia de circularidade da cadeia produtiva, o design ecológico está sempre buscando formas de reaproveitar materiais usados e transformá-los em matérias-primas para a confecção dos novos produtos. Além disso, as criações associadas a essa metodologia costumam ter um alto potencial de reutilização, podendo receber novas aplicações após o término do primeiro ciclo de vida útil.
Benefícios de apostar no Ecodesign
Com o entendimento sobre como o ecodesign funciona, é mais fácil compreender de que formas ele pode ser vantajoso para o meio ambiente e para as empresas.
O maior benefício dessa abordagem, como você já deve ter percebido, é que ela contribui diretamente para a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Mas além de impulsionar o cumprimento das metas globais de desenvolvimento sustentável, o ecodesign também traz vantagens valiosas para as empresas que resolvem adotá-lo e para os consumidores.
Abaixo, você descobre um pouco mais sobre os benefícios do ecodesign para quem deseja unir a consciência ecológica e o sucesso nos negócios.
Eficiência Energética e Mais Economia
Sabia que o ecodesign pode ser um forte aliado na redução de custos?
É isso mesmo: como um dos pilares dessa abordagem é a otimização do uso dos recursos naturais e da energia elétrica, ela pode ajudar a diminuir as despesas operacionais dos negócios. Por meio das estratégias de eficiência energética, por exemplo, é possível minimizar o consumo de eletricidade na cadeia produtiva e economizar nos gastos da conta de luz. O mesmo acontece com a água e com vários outros elementos necessários para a produção.
Autoridade no Mercado e Diferencial Competitivo
As preocupações ligadas à sustentabilidade ambiental têm ganhado cada vez mais espaço na economia contemporânea.
Por isso, a adoção de iniciativas sustentáveis – como o ecodesign – é uma ótima pedida para os negócios que desejam se destacar em meio à concorrência. O compromisso ambiental é um fator capaz de chamar a atenção de consumidores, investidores e outros stakeholders, consolidando a imagem das empresas e gerando valor agregado.
Você com certeza conhece alguma marca que usa a consciência ambiental como diferencial competitivo para se posicionar no mercado: não é à toa que o termo “eco-friendly” se tornou tão popular nos últimos anos. No fim das contas, todo mundo gosta de comprar de marcas que demonstram responsabilidade em relação ao futuro do planeta.
Legislação Ambiental
Um dos maiores avanços no combate à degradação do meio ambiente é o fortalecimento das leis ambientais.
No Brasil, a importância dessa questão está expressa na própria Carta Magna do país: o Artigo 225 da Constituição Federal Brasileira classifica o acesso ao meio ambiente sadio como uma parte do direito à vida.
Além disso, várias determinações federais, estaduais e municipais regulamentam o funcionamento dos negócios com o objetivo de controlar os impactos ambientais. Portanto, o alinhamento com os princípios do ecodesign é um grande facilitador na hora de garantir a conformidade legal nos estabelecimentos. Atualmente, as empresas que baseiam suas atividades nas práticas sustentáveis podem até mesmo se beneficiar de incentivos fiscais e econômicos.
Ecoeficiência
Altos índices de satisfação da clientela, poucos prejuízos para o meio ambiente e controle de custos: esses são os principais aspectos de uma produção ecoeficiente.
Esse equilíbrio promissor pode ser alcançado por meio da implementação de uma gestão sustentável, baseada no ecodesign e na economia circular. Afinal, uma das propostas do design ecológico é fazer mais com menos – isto é, maximizar a qualidade dos produtos e minimizar a utilização dos recursos naturais ao mesmo tempo –. Por isso, o ecodesign é especialmente vantajoso para quem deseja fazer negócios de forma mais eficiente e impulsionar o cumprimento dos objetivos estratégicos da empresa.
Menor emissão de gases poluentes
O acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera é uma das problemáticas ambientais mais relevantes de todos os tempos.
Não é exagero: esses compostos são os grandes vilões por trás das perigosas mudanças climáticas e de vários fenômenos naturais catastróficos. Para garantir a sobrevivência das próximas gerações, o controle das emissões de gases poluentes – que vêm principalmente da queima e extração de materiais de origem fóssil – é urgente. Por isso, é importantíssimo que as empresas busquem formas de reduzir o volume de gases de efeito estufa gerado em todas as fases da cadeia produtiva, questão que aparece entre os princípios do ecodesign.
Produtos de maior qualidade
Quem não gosta de produtos duradouros que garantem alta performance durante longos períodos de tempo?
No ecodesign, a qualidade dos itens comercializados e dos serviços oferecidos é uma prioridade. Afinal, produtos projetados para durar mais ajudam a reduzir a geração de resíduos. Além de contribuir para o combate à poluição, os princípios de aprimoramento constante e maximização da qualidade que fazem parte do ecodesign incentivam a criação de soluções que atendam plenamente às expectativas dos consumidores. Dá para dizer que o design ecológico ajuda a deixar os clientes mais felizes e aumenta a confiança do público em relação às marcas.
Confira como a Klabin aposta no Ecodesign para suas embalagens

O ecodesign é um dos pilares mais importantes das atividades da Klabin.
Maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, a empresa tem uma operação sustentável que se concentra na responsabilidade ambiental e social de ponta a ponta da cadeia produtiva. Além de utilizar a tecnologia para maximizar o potencial de aproveitamento e a produtividade de suas áreas florestais, a Klabin tem várias iniciativas voltadas especialmente para o uso otimizado dos recursos naturais e para a eficiência energética. A marca também é pioneira no desenvolvimento de soluções ecologicamente inteligentes.
Em parceria com a Tetra Pak, a Alcoa e a TSL Ambiental, a Klabin esteve à frente do Projeto Tecnologia Plasma, que revolucionou o reaproveitamento de embalagens longa vida por meio do ecodesign. Essa inovação 100% brasileira aplicada na forma de construir embalagens cartonadas assépticas permitiu a separação perfeita de todos os componentes das soluções – papel, plástico e alumínio –, facilitando a reinserção integral dos materiais na cadeia produtiva.
O Klabin Klacup, o copo de papel biodegradável da Klabin, é um excelente exemplo de ecodesign aplicado à produção de embalagens. Desenvolvido com materiais renováveis e 100% recicláveis, ele incorpora os princípios do ecodesign ao minimizar o impacto ambiental desde sua concepção. O uso de papel proveniente de florestas plantadas certificadas e a possibilidade de compostagem destacam seu compromisso com a sustentabilidade.
O ecodesign aparece também no extenso catálogo de soluções sustentáveis da Klabin For You, plataforma pensada para os negócios e-commerce. Um ótimo exemplo é o papel colmeia, alternativa biodegradável que substitui o plástico-bolha no envio de encomendas.
Além de contribuir para a redução do uso de materiais de origem fóssil, o papel colmeia tem um design exclusivo que garante a proteção dos produtos durante o transporte, requer um volume menor de material do que o acolchoamento feito com plástico-bolha e ocupa 80% menos espaço de armazenagem. Criada a partir do papel Kraftliner, a solução é produzida com fibras virgens de eucalipto e pinus, matérias-primas renováveis que proporcionam alta performance, durabilidade aprimorada e grande potencial de reciclabilidade.